26 de abril de 2013

abracadabra


é quando
você se dá conta
que seu desejo
está prestes
a se realizar
ao avesso
que você
pára
e pensa
endireito
ou atravesso
esse recomeço

24 de abril de 2013

cartas são momentos que chegam atrasados


só de ver
seu mapa astral
tenho taquicardia
e isso é ridículo
ridículo como todas aquelas
cartas de amor
que eu não escrevi
cartas são momentos 
que chegam 
atrasados

só de imaginar
o seu perfil
sinto arrepio
e isso é ridículo
ridículo como todas aquelas
cartas de amor
que eu escrevi e não li
cartas são instantes 
perdidos
no papel

só de pensar
e imaginar
não ver
desejo mais
e sinto um vazio
ridículo
como todas aquelas cartas de amor
que rasguei
por amor
cartas são planetas
vagando
lá no céu

só de sentir
seu cheiro no papel
sinto saudade
metade literatura
metade verdade
ridícula
como todas aquelas cartas de amor
que mandei 
que guardei
cartas são eternos
presentes
do passado

23 de abril de 2013

se tanto




o amor
qualquer livro 
de psicologia
barata
pode explicar
quero ver
tirar a roupa
e me botar
contra
a parede
dai sim
vai começar
a parecer
real

22 de abril de 2013

palavra foi feita pra jogar ao vento

feito semente

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moro na casa 11
da rua 1
quem vem
me visitar
moro na casa 11 
da rua 1
que vem
me ver
trabalho da 6 as 12
páro pra almoçar
trabalho das 12 as 6
depois
vou namorar
o meu amor mora
na casa 5
da rua 12
o meu amor
me disse
vem 
morar comigo
na casa 7
na casa 7
que medo
na casa 7
mora plutão
hum
não vai dar não
então eu canto
na casa 10
canto esse canto
em todo canto
da casa 10
mora o meu espanto
o seu vizinho
da casa 9
era posseidon
hum
era posseidon
não vai dar não
então eu canto
vou viajar
pra amsterdã
pra casa 10
canto esse canto
em todo canto
da casa 10
mora o meu encanto
em todo canto
da casa 10
mora o meu espanto
na casa 10
mora 
minh' admiração

15 de abril de 2013

apetrechos


tenho apreço
desnecessário
à consciência
tem sempre
aquele momento
maldito
quando todo o
impossível
olha dentro 
dos meus 
olhos
e me convida
pra dançar



o ato fálico de um papel em branco

o fato ávido da tinta preta

u m  p o e m a   e s p a r r a m a d o

delineia-se



sabe quando vc fica tão feliz

tão feliz
que fica triste

13 de abril de 2013

evite as pedras: levite

nada

escrevo torto nas linhas retas
lamber as fuças de um cachorro
também tem seu valor
fora isso
a janela do mundo pode ser aberta a qualquer tempo
olhar nos olhos é a vertigem que permite e repercute a troca
somos impostores transformando sorte em matéria
todo traço eixo lixo tudo o que somos
é

6 de abril de 2013

solo em estado líquido insolúvel


tenho morado
num estado de sítio
vivido
em estado de choque
alimentado
um estado de coma
reproduzido 
um estado civil
você já leu
seu poema de hoje?
especialmente dedicado?
ouviu 
o melhor
do gil
tom zé
alzira e
puta
que pariu
e ai?
sentiu lá dentro
como está aqui fora 
?
tocou
aquele vinil?
trocou de pele?
já sorriu?
quando eu não fui
você me viu
qualé
conheço
sorriso
cilada
de longe
não é todo convite
que eu aceito

5 de abril de 2013

a dureza das horas insones são como pedras de gelo num co(R)po vazio

brincou


não se importe
que esse toque
é só provocativo
advérbio adjetivo
eu sei
você não pode
ser fácil
porque
é tudo teste
sai faísca
olhos nos olhos
é só
de brincadeira
brincadeirinha
me devolve
esse sorriso
que esse love
é só figurativo
substântivo próprio
atrevido
eu sei
você não pode
ser difícil
porque
desde o início
sai faísca
olhos nos olhos

é só de brincadeira
pele pelo poro
afeto
é tanto ar
que me sufoca
afaga
todo fogo
se revolta
afoga
terra em água
intimidade
é muito mais
que tesão