30 de maio de 2013

solo



há algo em mim
que é urgente
aquilo que
invento
não posso
evitar

todo desabafo
é parte alívio
parte egoísmo



28 de maio de 2013

23 de maio de 2013

˜˜˜˜˜˜˜˜˜˜˜˜˜˜˜˜˜˜˜˜˜


quando mexo a terra
com minhas mãos
manejo a força
e a enxada
encontro
a palavra
que procurava

palavras
são minhocas
em mim

4:20 am



são paulo é over
overdose
overbooking
SP 48 horas
batendo tambor
para os exus 
do concreto
fixo
civilizados
os povos 
que não 
consomem
álcool
em território
público
mas 
só sabe
disso
quem 
conhece
outros povos
outros
mundos
o brasil
não conhece
nem o nordeste
o periférico
não sabe
do centro
são paulo
é esquizo
frenética
é alterada
revira a noite
em milhões
de realidades
e lixo
um casal 
de garis
se ama
sentado
no banquinho
da praça
outros dois
ao final
dançam 
junto
com o público
é madrugada
e toda face
tem um lume
na noite 
de lua
crescente
os arrastões 
passaram 
e passarão
batido
desvio 
o meu caminho
de felicidade
são paulo
virada
é diferente
e a periferia 
acena ao centro
de bobeira
- levaram 
a minha prata, tia
a minha prata
é a distância
que separa
o sul e o leste
capão 
me representa
morro doce
santa inês
o ônibus 
pela manhã
é consolação
são paulo
para ser doce
custa caro
e engole os olhos
de quem vê
de longe
a redução de danos
é tudo
que a cidade 
precisa
o consumo
não importa
se da matéria
substância
ou energia
pode ser 
perverso
intenso
insano
consciente
errante
errando
do anhagabaú
ao parque da luz
sempre surge
uma insignificância
uma jóia
uma negligência
debaixo do tapete
são paulo
é a orgia 
das hordas
a desordem 
das horas
da grana ao caos
da grama ao pó
que em si 
fascina
e enfim
devora

18 de maio de 2013

se vira

meu nome é ressaca
acordo peso
na sua cabeça oca
da noite passada
acordo arrependimento
do corpo
que já não suporta
tanto
acordo os cacos
de vidro
fragmentos 
de ontem
que procuro
e encontro
ao amanhecer
no bolso
da bolsa
vermelha
no sangue
manchando 
o lençol
no espelho
de cara lavada
nessa lâmina
fina de sol




17 de maio de 2013

tentativa e erro




o fogo
da carne
se aplaca
ainda que
a alma
queime
no inferno
rarefeito
das 
péssimas
intenções

13 de maio de 2013

vertigo


você já ouviu 
falar
de itamar
assumpção
andou nas praias
de alter-do-chão
viajou pra paris
lisboa
amsterdão
sorriu
com flocos
de neve
no nariz
já foi feliz
sentio frio
fome
arrepio
já viu
o por do sol
em jeri
subiu as dunas
andou de navio
já velejou
em parati
por mim
já leu 
o jornal
de ontem
olhou nos olhos
da medusa
subiu 
a montanha
mais alta
sentou 
na beira
do precipício
pra precipitar
o frio
na espinha
a vertigem
e todas aquelas
conexões
que sabemos,
acontecem
?

12 de maio de 2013

fuso horário




as horas mágicas
estão pra chegar
arrume a casa
recolha as flores
o tempo de novos
encontros
está passando
pela rua
prepare o arranjo
o perfume
e o banho
de ervas
espante
o mau olhado 
e os mosquitos
com citronela
perceba quando
nas horas dádivas
o corpo ávido
clama algum suborno
drogasdrogasdrogas
café com açucar
pra manter o instinto
alerta
força de trabalho
não vá 
com tanta sede
ao pote
prefira
ter as pupilas
dilatadas
pra enxergar
melhor
as cores
desse desencontro

as horas mágicas
são as dádivas do tempo
a alma que levita
o corpo que alimento

11 de maio de 2013

mais



















amo
seus olhos
escuros
da noite
estrelada
de lua 
nova
seus olhos 
negros
sobrancelhas
olhos russos
sérvios
sírios
sonhos
olhos de 
jabuticaba
madura
amo 
seus olhos 
de longe
de perto
de dentro
de onde
de lince
de bruxo
amo 
seus olhos
quando 
me olham 
sem 
que eu veja
ainda que
eu só imagine
ou invente
amo
mesmo assim
de mentira
quando olho
fundo
quando olho
sempre
na tangente
dos seus olhos
meus olhos
de neblina
olham
mais
vêem
mais
amam
mais
amam
muito
mais
denso

entre tantos


fechado meus queridos! 
será um prazer!
devorar-lhes os ossos
arrancar teu coração
ainda quente
carne crua 
entre meus dentes
os melhores poemas
nascem 
daquilo que não temos
daquele que não somos
nem sabemos
para eliminar as crenças
dance
dance
pense
que o passado é feito
de um  tecido delicado
leve e permanente
colcha de retalho
espelho
imaginário
onde estamos
estáticos
perplexos
no meio da madrugada
reclamando os versos
do que não


por gentileza
ceda-me 
uma seda

por caridade
poupe-me
da verdade

até + ver
foi um prazer!

10 de maio de 2013

água mole


entre venus e plutão
rota de colisão
amsterdam
pela manhã
anéis de saturno
o céu de júpiter
é o limite
acredite
foi afrodite
quem me disse
que entre urano e marte
há um combate
é certo
a bola oito
no buraco negro
é meu palpite
não grite
que a velocidade
da luz
é bem maior
que o lapso
do tempo
e num piscar
de olhos
de Buda
tudo muda
tudo se ajeita
me ajuda
que entre o céu e terra
não há pedra
sobre pedra
que não ceda
água que mata a sede
rompe as nuvens
invade a tarde
até quebrar
sua dureza

9 de maio de 2013

viver é um tipo de metáfora




de quem é
o pranto
soluço
que ouço
baixinho
de quem é
o sangue
sobre a mesa
manchando
o papel branco
de efemeridades
de quem
essa calma
que o tempo
cansou 
de esperar

8 de maio de 2013

nuances




as fitas molhadas de chuva
as cores nas roupas da mina
as flores da sua saia 
contaminam a minha retina
desejo e medo da chuva
é coisa que não se combina
porque pra dançar de branco
coberta de adrenalina
a roupa colada no corpo
as formas contornam colinas
o bico do peito em relevo
sob a blusa transparente
da carolina
ser a terceira pessoa
na heterônima rotina
pra poder sentir o gosto
da língua nos lábios do moço
num beijo que nunca termina
mesmo quem não viveu
imagina

2 de maio de 2013

fragmentos




o delírio
da imagem 
me fascina
a realidade
imprime
ao vivo
e a cores
o olhar
disposto 
no passado
fragmentos
de luz
entre a iris
e a pupila
que a razão
processa
e a memória
guarda