28 de julho de 2013

“Ninguém vai me frear Ninguém vai me dizer O que eu devo fazer nessa porra”



não
a liberdade é algo
que não se cerceia
nem se limita
só se conquista
a liberdade é o que carregamos
em todo osso que resiste ao golpe
em nossa carne humana fraca e doce
quando andarilhamos por caminhos
tortos
quando esquecemos a origem da dor
dai pouco importa
que a injustiça seja feita
porque sabemos
a que viemos
por quem estamos
aqui
em terra de coronel
manda mesmo o carcereiro
quem tem olho
fica esperto
ninguém recomendou alterar
a consciência antes
das leis
agora aguenta
a consequência do penso
logo resisto até existir
o novo tempo vai chegar
em breve
e o medo vai bater de frente
até se perder na onda
das partículas eletromagnéticas
nesse dia
o sol cederá ao horizonte
todas as cores
e a noite inteira vai tomar a rua
de estrelas meteóros e cometas
num mundo sem catracas
nem fronteiras
nesse universo imenso
sem sintomas que habitamos
sabemos
a liberdade é feita de oceano
vento e lágrimas
ora calmaria ora tempestade
metade fim de tarde metade furacão
pedras somos drãos grãos de areia
nômades e errantes no deserto
da perplexidade


16 de julho de 2013

nevermore


pulsos impulsos compulsões
amores de outros tatos
de outros tantos tempos
histórias que não me pertencem
tecnologia de ponta pontas
no cinzeiro da sala mala
aberta em cima da cama lama
na pele na sola da bota galocha
e aquele sonho medonho
que tende a voltar sempre
agora não me ilude não
me engana mais

11 de julho de 2013

daí

que achei tão lindo
ver o sangue escorrendo
dos meus pulsos
meus impulsos
achei mais lindo
quando o sangue
se infiltrou em meus olhos
tornando o mundo todo
mais vermelho
vermelho sangue
imundo
como as películas dos filmes
no cinema
como as boates de antes
de antigamente
ver a luz vermelha
de dentro dos olhos
por um instante
saindo do gosto do sangue
impulso saindo dos olhos
dos pulsos
um gosto de púrpura
um gosto de mácula
um gosto amargo de céu
entardecido
enegrecido
ao anoitecer

por que
sempre que mercúrio está retrógrado
sinto uma vontade incontida
de ti
sempre que mercúrio está retrógrado
uma imagem no espelho espalho
em mim
sempre que mercúrio está retrógrado
redundo-te redundo-me
rejuvenesço
esqueço
sempre que mercúrio está retrógrado
há algo a fazer
só não sei

o que

5 de julho de 2013

*_*


valha-me eros
dionísios
pitonisas
todo oráculo
satisfaz
a febre 
do futuro
antes
que o vulcão 
exploda
e que os pólos
invertam de vez
a vertente da terra
a força do furacão
torna-se tornado
e toda a tecnologia
se refugia
dentro 
das cavernas

1 de julho de 2013

pra você

vivo de improviso
como chuva de granizo
num pé de alface
feito ponta de faca 
em caco de vidro
feito o feltro da mesa
nos jogos de azar


nesse jogo
jogo meu corpo 
ao suicídio
vírgula
gargalo
gárgulas 
de notre dame
grata que sou
pelos melhores
sorvetes
da ilha
passagens
nas ruas
dos ventos 
do norte
que movem
relógios
e moinhos
por todas
as águas
as lágrimas
lástimas
latitudes
que frequentei
sem querer
nem pestanejar
tenho tido
uma urgência
latente
de quem
cansou
de esperar