30 de agosto de 2013

por nós



















devia ser proibido
contar a vida dos mortos
devia ser proibido
falar da vida dos outros
devia ser proibido
ter a corda no pescoço
devia ser proibido
essa ponta de desgosto
podia estar permitido
ser livre em todo sentido
podia estar permitido
ser suspeita estar sujeita
podia estar permitido
o dito pelo não dito
podia estar permitido
aquilo junto com isto

18 de agosto de 2013

efêmeros

se os dias acabassem
restariam noites inteiras
ácidas
a placidez das tuas mãos
de mármore
sobre os ossos
da minha carcaça


9 de agosto de 2013

querência


queria que o texto todo viesse pronto
como um conto como um ponto
queria mais que 3 desejos
seus beijos seu gênio seu jeito de ser
queria apenas porque queria
não havia nostalgia agonia alegria alegoria
mas como a vida não é sonho
letra a letra a caneta o punho
faz virar só um projeto
esqueleto místico
manisfesto estético
quando
queria mesmo uma poesia
quem diria ao meio dia
poder encontrar você


*foto da gravura de lucian freud masp 2013

4 de agosto de 2013

a lua é mulher



a lua cheia tem perfume
de flor-de-laranjeira
a lua cheia cheira
perfume de flor

a lua vem
a lua vai
a lua volta
menina
a lua míngua
mina
desaparece

está no céu
de dia
de noite cresce
a lua cheia
chega
a noite tece

a lua cheia tem perfume
de flor-de-laranjeira
a lua cheia cheira
perfume de flor

a lua é mulher

é o que há


há horas mágicas
a todo instante
a sua volta
o que era antes
as hora mágicas
são como pórticos
complexo exótico
de energia estática
momentos ópticos
de poeira cósmica
nas horas mágicas
os pássaros cantam
os sinos dobram arcos
íris que pintam no chão
nas horas certas
mensagens telepáticas
fumaça enigmática
desenhos pela sala
que só o vento zéfiro
por fim dispersará